Este blog surgiu em 2009 com o intuito de relatar uma "Viagem Incógnita" que teve início com um bilhete só de ida para a Tailândia. Uma viagem independente, sem planos, a solo, que duraria quatro anos. Pelo meio surgiu um projeto com crianças carenciadas do Nepal que viria a resultar na criação da Associação Humanity Himalayan Mountains. Assim, este blog é dedicado às minhas viagens pelo Oriente, bem como a esta "viagem humanitária", de horizontes longínquos, no Nepal.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Donativos: Outros casos

Os meus encontros com a Binu parecem estar comprometidos a passar por hospitais. Conheci-a o ano passado quando ela apareceu no hotel em Pokhara, antes de ser reencaminhada para o local apropriado, a delirar em febre, provavelmente vítima de alguma gastroenterite ou qualquer outra infeção.
Desta vez foi das primeiras pessoas que reencontrei assim que cheguei a Kathmandu em março. E desta vez, felizmente, ela estava bem. O marido é que não.





Todos os dias lá ia eu de táxi ter com eles ao hospital Shahid Gangalal. E foi assim que passei os meus dias quando cheguei à capital do Nepal este ano e antes de rumar a Pokhara.

O Babu, tal como muitos outros nepaleses, trabalhava no Dubai buscando um futuro melhor para a família, mas teve que interromper o contrato de trabalho para regressar ao Nepal gravemente doente. Veio para ser internado e operado ao coração. O que ganhou lá fora não chegou para as despesas.
Tal como outros amigos e familiares que não arredaram dali pé, dormindo noites seguidas nos corredores e salas do hospital, procurei também eu dar o meu apoio. Tanto à Binu como ao Babu. Afinal eu até já ia na quarta no espaço de sensivelmente ano e meio. Mas o que é certo é que cá por dentro uma operação ao coração no Nepal assustava-me… Preconceitos! Foi um sucesso tal como a dos outros pacientes, de todas as idades, internados naquela ala.
Após ser escancarado ao meio e permanecer por uns tempos em Kathmandu (achei por bem não colocar aqui fotos mais ‘chocantes’), o Babu, extremamente debilitado, passou pelo hotel em Pokhara antes de rumar à aldeia. Fora a última vez que eu vira a Binu. Mas sabia que ela andava a trabalhar de sol a sol nos campos, nas obras e em tudo o mais que aparecesse, pois ela passou a ser o sustento da família. O Babu continua sem poder trabalhar nem fazer esforços por bastante tempo. E eu gosto muito da Binu…
Esta é, pois, uma história do coração.
Fiz-me à estrada com o meu ‘rider’. Rasgando os verdes da monção lá vamos por caminhos assim, assim e mais assim…
Caminhos difíceis mas paisagens soberbas. Três ou quatro horas depois de algumas avarias, chegamos enfim à aldeia onde nos espera o Babu, situada no cimo de uma colina. 
Depois continuamos a pé campos adentro por caminhos assim e assim, passando por bonitas casas típicas, coloridos vários, o povo na sua azáfama diária e curiosos olhares.
Encontramo-nos com a Binu que neste dia regressava das suas aulas de costura.
A mãe do Babu recebe-nos em casa com um ‘Namastê’. O Anish prontifica-se a mostrar-nos os seus dotes na leitura do inglês e a Asmita limita-se a ser uma gracinha.

 
Entretanto a Binu prepara-nos uma deliciosa refeição na sua funcional cozinha...
Vivem na casa sete pessoas contando com mais a tia e a avó bastante idosa do Babu. Sendo o único homem ele era o único sustento. Responsabilidade que recai agora sobre a Binu. E eu apenas quis tirar-lhe um peso de cima.
Dirigi-me à escola, falei com o diretor e paguei todo este ano escolar para os dois filhos, o Anish e a Asmita.

Notem bem as condições: isto é uma escola privada!! A principal diferença e vantagem de uma escola privada em relação à pública é o ensino ministrado em inglês o que possibilita às crianças mais oportunidades de trabalho no futuro. Como tal é paga.
Espero sim ter contribuído para o seu ‘bright future', conforme os dizeres exibidos na parede da escola, com a ajuda de todos vós, os que enviaram donativos. Aos que anteriormente já havia mencionado acrescento os que ajudaram entretanto. Foi em vosso nome que o fiz. E em nome deles obrigada. Tanto, tanto!!
Regressámos, eu e o meu ‘rider’, pelo mesmo ‘caminho de cabras’ que, ao contrário do que possa parecer, e se é que as imagens o conseguem transmitir, não está em mau estado no entender local!! Se o estivesse, devido a fortes chuvas por exemplo, estaria intransitável e teríamos que subir todo o monte a pé.
Aproveitei para visitar nas imediações o templo de Baglung, situado no meio de uma refrescante floresta, e a ponte suspensa de Kushma com 135m de altura e 344m de comprimento, sobre o rio Modi.
Chegámos a Pokhara já noite salpicados por leves e benevolentes pingos de monção.

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